Na Chapada Diamantina a mata só se recuperará daqui a 15 anos

O incêndio que aconteceu na Chapada Diamantina, na Bahia, não se trata de um desastre que chega ao fim com o apagar da última chama. De acordo com informações da BBC Brasil, seus efeitos devem se prolongar por mais de uma década em um local onde caatinga, cerrado e mata atlântica se encontram.

“Se não passar fogo por ali, em 15 anos é que algumas áreas começarão a se recuperar”, diz o geógrafo Rogério Mucugê, coordenador de projetos da ONG Conservação Internacional na região, onde vive desde a década de 1990.

Segundo ele, esse é o prazo para que a mata ciliar, a área de floresta que protege os rios, esboce uma reação – os campos de cerrado se recuperam mais rápido. Em razão da diversidade, algumas espécies da fauna e da flora só existem ali.

Uma equipe da ONG, que estava na chapada para gravar um vídeo sobre um projeto ambiental que realiza na bacia do rio Paraguaçu, registrou o combate e o impacto dos incêndios, inclusive nos arredores de um dos símbolos da região, o Morro do Pai Inácio. Algumas dessas imagens acompanham essa reportagem.

Equipes estaduais estão fazendo um levantamento dos efeitos do fogo na fauna e da flora, trabalho que irá determinar o montante a ser investido na restauração florestal, afirma o secretário Spengler. Segundo ele, a área será prioridade na alocação de recursos da pasta.

Além das consequências imediatas nas espécies locais, um incêndio dessa proporção afeta também a quantidade e qualidade da água que chega a boa parte dos baianos, e logo em tempos de seca mais severa por causa do fenômeno climático El Niño, explica o geógrafo Mucugê – homônimo, aliás, da cidade baiana onde vive.

O rio Paraguaçu, cuja nascente fica ali, abastece 85 municípios, incluindo 60% da região metropolitana de Salvador. A chuva que caiu nesses últimos dias está longe de ser a esperada para o mês de novembro na área da chapada, tida como a “caixa d’água da Bahia”, conta.CI Brasil


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