Amigo é coisa pra se guardar... Treze anos sem Amado Fontoura. Povo sente saudades

A impressão que se tem é que o tempo está passando rápido demais. Já se vão treze anos em que Amado Fontoura disse adeus a este plano terrestre. Nascido em dois de Março de 1938, Filho de Mariá Ferreira da Silva e Agripino Fontoura, Amado sempre teve uma vida simples e desde a juventude já lutava pelo povo.

Nos anos 60 quando trabalhou como recenseador pelo Governo Federal. Percorreu os grotões mais longínquos na zona rural de Baixa Grande. Ali, no ermo da solidão nos matos, viu uma gente sofredora mas alegre, que lutava todos os dias, e pouco tinha assistência do estado. Foi então que em uma destas casas encontrou uma senhora sozinha com cerca de 6 filhos menores. A mulher desesperada pra conseguir o que comer para os filhos lhe relatou: "Seu Amado, meu marido está em São Paulo trabalhando, ainda não mandou dinheiro e eu só tenho essa galinha (apontando para a galinha) pra passar a semana com meus filhos." Ele ajudou a mulher. A cena e o relato o comoveu de tal forma, que dali em diante decidiu dedicar toda a sua vida para ajudar as pessoas. Como prometido, assim o fez.

O destino providenciou o caminho: A convite de médicos que iam residir no município começou a trabalhar na saúde como enfermeiro e ajudante. O destino se encarregou de nestes encontros fazer os médicos perceberem que aquele rapaz magro e destemido não era apenas um ajudante curioso para aprender, havia algo mais, o jovem rapaz Amado Fontoura tinha perspicácia nas suas observações e a maior das qualidade médicas: Olhar Clínico. Sabia ler nas entrelinhas qual era o real problema de saúde que uma pessoa tinha. Não tinha o Diploma mas os próprios médicos o alçaram a alcunha: "Procure Doutor Amado." Disse o médico Piauiense Dr. Joaquim num dia de feira livre a uma pessoa que lhe procurou atendimento.

Treinado então por médicos como Ivan Magalhães, Dr. Joaquim e inúmeros outros, conseguiu o respeito na área da medicina, pelos acertos nos diagnósticos precisos e também pelo carinho com que reportavam aos pacientes. Hoje fala-se muito em humanização da Saúde, Amado já praticava isso há cerca de 40 anos atrás. O Paciente quando é melhor respeitado se cura mais rápido. Porém quando os médicos tinham que retornar para as outras cidades, após vencerem os contratos, ficava Baixa Grande, um município na época com cerca de 16 mil habitantes, sob o cuidado de Amado, que com atenção se desdobrava para atender o povo. Geralmente fazia apenas uma refeição por dia, uma janta, pois não tinha tempo de

tomar Café e nem almoçar tamanha era a demanda que se passava para as vezes, atender cerca de 180 pessoas num só dia. Que frise-se, Amado nunca cobrou sequer por uma única consulta em toda a sua vida.

E lá se viam as demandas: Partos complicados na zona rural, trabalhadores do campo que as vezes sofriam acidentes, pequenas cirúrgias, atendimentos ambulatoriais, e ainda a parte política em defender a liberdade de acessos aos mais humildes aos serviços do estado e do município. Andava a pé sob as inclementes trovoadas do sertão, mas o povo sem atendimento não ficava. Na política foi conclamado a adentrar pelo povo que via nele uma pessoa que era carismática e acessível, um diplomata que o povo sonhava como prefeito. Mas os poderosos da época não gostaram nada disso, e as coisas nunca foram fáceis para este guerreiro, que para ser candidato a prefeito teve que realizar três convenções, dado as perseguições que ocorriam na época. Na sala de um juiz em Ipirá defendo o seu direito de ser candidato, não se intimidou: O juiz querendo denegrir bradou: "Quem é você seu barbudo para falar alto aqui? Amado logo respondeu ao juiz: E que é você seu careca para querer tirar meus direitos?"

Como prefeito foi um dos que mais trabalhou na história, Reformou a praça, calçou de dezenas de ruas, colocou água em povoados, rede elétrica nas roças, concluiu o estádio municipal, realizou um concurso que emprega até hoje cerca de 400 pais e mães de família. Enfrentou a maior perseguição que um prefeito já viu na história. Não o

deixavam trabalhar em paz. Tinham ciúmes do mito, tinham inveja do homem que o povo humilde Amava e respeitava. Naquela época dois vereadores despeitados fizeram uma

oposição rasteira, pífia e desumana contra um homem que deu a vida por sua terra. Mas enfim, como diz o ditado, O tempo coloca tudo no seu lugar e "Amado será lembrado

daqui a 100 anos como homem de bem que deu a vida pelo,

vamos ver eles..." O representante político de Amado hoje é Rômulo Fontoura, que luta para manter o nome do saudoso Amado na política. Rômulo é considerado o melhor

arremessador de três pontos do Basquete do Brasil e já teve ao longo de sua trajetória cerca de 5.000 votos. “ Tenho lutado para conseguir colocar uma estatua de Amado na praça de Baixa Grande, Baixa Grande nunca teve um filho da terra homenageado com uma estátua, vou me esforça para conseguir isso.”

Um Milagre: Poucas horas antes de falecer, internado na emergência do Hospital São Rafael, ao seu lado tinha uma mulher de Maragojipe. A mulher tinha dado entrada com caso grave de pneumonia e não parava de torci, Amado então reuniu seus esforços e levantou e foi em direção dela, ao seu aproximar o médico chegou e perguntou: “Ele é médico?” Amado respondeu: - Apenas um farmacêutico. No outro dia a mulher já estava de alta médica.

No dia 08 de Julho de 2003 Baixa Grande sofreu a maior catarse social de sua história. Cerca de 14 mil pessoas compareceram ao sepultamento. Povo simples das a diversas regiões, vieram à aquele momento dizerem seus adeus, mas não só isso, levaram nos ombros o caixão daquele homem que por todo sua vida levou seu povo nos braços.

Fonte: Acontece na Bahia 

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