Dois mortos e seis baleados em 12 dias deixam Inferninho em clima de guerra
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- Criado em Quarta, 25 Maio 2016 12:37
- Publicado em Quarta, 25 Maio 2016 12:37
- Escrito por Marcelo Barbosa JP
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Cercada por edifícios de classe média, a comunidade do Inferninho, no bairro de Costa Azul, vem sendo alvo de disputa de duas quadrilhas que querem, a qualquer custo, o controle do tráfico de drogas na região. Apenas nos últimos 12 dias, foram dois mortos e seis baleados. A vítima mais recente foi o garçom Raijackson Purificação Souza, 21 anos, assassinado a tiros na noite de anteontem.
Segundo a delegada Andréa Ribeiro, da 1ª Delegacia de Homicídios (DH/Atlântico), quatro homens invadiram a casa de Raijackson em busca do irmão dele, Raiadson da Purificação Souza, 21. Os criminosos não tinham conhecimento de que o alvo deles está preso no Complexo Penitenciário da Mata Escura e, na ausência, executaram a vítima com quatro tiros. O garçom não tinha registro de passagens por delegacias.
Ainda segundo a delegada, os assassinos fazem parte de um grupo rival ao que Raiadson faz parte. “As informações iniciais são de que o irmão da vítima é uma das lideranças do tráfico no local”, declarou Andréa Ribeiro.
Domínios
Segundo um investigador da 9ª Delegacia (Boca do Rio), Raijackson morava no Inferninho de Cima, que compreende todo o entorno da Rua Professor Isaías Alves Almeida, onde o domínio da venda de entorpecentes é da facção Bonde do Maluco (BDM).
A disputa é com a facção Comando da Paz (CP), que atua no Inferninho de Baixo, situada na Rua Desembargador Manoel Pereira, segundo a polícia. As informações sobre a briga entre os grupos rivais foram confirmadas por moradores.
Ontem, guarnições das Rondas Especiais (Rondesp) circularam constantemente na região durante o dia.
Crime
De acordo com a polícia, o garçom Raijackson estava dentro de casa, por volta das 21h30, quando os bandidos invadiram o imóvel e procuraram por armas e drogas. Já os vizinhos relataram que o rapaz foi morto assim que abriu a porta, depois de atender a um chamado na entrada.
“Bateram na porta, chamaram o nome dele. Quando ele abriu, perguntaram por Raiadson e depois atiraram. A mulher dele, que estava com o filho de 1 ano, presenciou tudo e está em estado de choque”, contou uma moradora.
Os vizinhos disseram que Raijackson estava desempregado há oito meses, mas que ele trabalhou em um restaurante em Jardim de Alah e numa rede de bares e restaurantes em Patamares e na Pituba. “Como não acharam o irmão, mataram ele pra não perderem a viagem. Uma crueldade”, lamentou outra moradora. “O Raiadson que é envolvido com facção. Começou na criminalidade aos 12 anos, vendendo droga e fez carreira”, complementou um morador.
Medo
Quem mora na comunidade sabe que o risco de morte é diário. “Aqui a gente sai, mas não sabe se volta pra casa. É rezar todos os dias”, disse uma moradora do Inferninho de Cima. “A gente sabe que a briga é entre eles, mas acaba respingando em quem não tem nada a ver”, declarou um rapaz do Inferninho de Baixo.
Entre as duas áreas dominadas pelos traficantes em guerra, os moradores do Condomínio Colina do Mar também temem pela segurança. “Por aqui é tiroteio praticamente todos os dias. A gente anda rezando”, relatou uma advogada. “Nunca presenciei nada, mas o medo é ser vítima de uma bala perdida”, disse uma representante comercial.
Na Unidade de Saúde da Família (USF) Zulmira Bastos, no Inferninho de Baixo, funcionários também relataram o temor no local nos últimos dias. No entanto, a diretora da unidade, Rita Reis, minimizou a situação. “Isso tem ocorrido nos finais de semana ou à noite, quando a unidade não está mais em funcionamento (o atendimento ao público é de segunda a sexta, das 8h às 17h)”, declarou a diretora. Correio24Horas
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