Preso por morte de PM na Bahia diz que confundiu vítima com 'bandido'

O maqueiro e mototaxista Alexandre dos Santos, de 29 anos, preso pela morte do soldado da Polícia Militar Daniel Santana de Alcântara, de 38 anos, no bairro do São Gonçalo do Retiro, em Salvador, disse à polícia que cometeu o crime por ter achado que a vítima fosse um "bandido", após ter se envolvido em um acidente no bairro. A informação foi divulgada pelo delegado Odair Carneiro, em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (24) no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Conforme o delegado, antes de ser morto, o soldado, que era lotado no 18º Batalhão do Pelourinho e estava de folga, tinha saído por volta das 23h30 de uma festa na casa de um amigo, no bairro da Mata Escura. "Ele foi dirigindo o carro em direção ao Arraial do Retiro, mas um dos pneus furou e ele decidiu entrar na localidade de São Gonçalo do Retiro para pegar um atalho até uma borracharia", revelou o delegado Odair Carneiro.

"Ele acabou entrando em uma rua sem saída, perdeu o controle do carro e atingiu dois veículos. Alexandre disse que, ao ver a cena e perceber que ele estava armado, pensou que fosse um bandido e deu um golpe no soldado, tomou a arma e desferiu um disparo", destacou Carneiro.
Segundo a polícia, após ter a arma tomada por Alexandre, o soldado ainda tentou correr, mas foi baleado nas nádegas. O disparo ainda atingiu a perna e a veia femural. "Antes do Alexandre tomar a arma dele, ele parou para conversar com as pessoas que estavam no local e se comprometeu a pagar os prejuízos dos dois carros que ele atingiu. Mas mesmo assim foi abordado pelo Alexandre, que disse ter achado que o soldado fosse um marginal", disse o delegado.
Após ser atingido, Daniel ainda chegou a ser socorrido com vida por Policiais Militares e encaminhado para o Hospital Roberto Santos, mas morreu na madrugada de quarta-feira (19), três horas após ter sido vítima do disparo. "Assim que tivemos conhecimento do crime, começamos a investigar, ouvimos testemunhas e chegamos até o suspeito. O prazo para o flagrante já tinha passado e por isso já havíamos pedido a prisão preventiva dele, que resolveu se entregar", contou o delegado.

Alexandre se entregou à polícia na madrugada de sexta-feira (21), acompanhado de um advogado, e teve o mandado de prisão temporária cumprido, três dias após o crime. A arma do policial militar, um revólver calibre 38, que foi a mesma usada por Alexandre para matar a vítima, foi encontrada enterrada nesta segunda-feira em um terreno baldio próximo da casa onde o suspeito mora, em São Gonçalo do Retiro. A polícia chegou até a arma após o suspeito ter informado o local onde havia escondido o revólver.
Ainda conforme o delegado, Alexandre não tem passagens pela polícia e a investigação não comprovou nenhuma ligação dele com outros crimes. "É uma pessoal normal, sem nenhum envolvimento com nada de errado, mas cometeu essa besteira. Trabalha como maqueiro no Hospital Octávio Mangabeira e, nas horas vagas, atua como mototaxista no bairro", destacou.
Durante a apresentação no DHPP, o suspeito permaneceu calado, sem responder às perguntas da imprensa. Apenas fez gesto positivo com a cabeça após ser questionado se estaria arrependido pelo crime.
O PM Daniel Santana foi o 20º policial morto em 2016, de janeiro até agora, na Bahia, conforme a Polícia Civil. Desse total, 15 crime já foram elucidados, de acordo com Carneiro. Somente na capital baiana, nove policiais foram mortos e, até agora, oito crimes foram elucidados. G1BA

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