Falsos médicos cobram exames para pacientes de hospitais públicos na BA

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Familiares de pacientes internados em hospitais públicos de Salvador denunciaram falsos médicos por cobrar dinheiro para realização de exames. Uma das vítimas relatou que chegou a ser cobrado R$ 8 mil por um procedimento. Pra cometer a fraude, os falsos médicos ligavam para as famílias dos pacientes, passavam diagnósticos incorretos, que precisam de exames sofisticados e, assim, assustar as famílias. As contas bancárias que o grupo passou para a realização dos depósitos são de agências de Rondonópolis, no Mato Grosso.
Ainda conforme os parentes das vítimas, os casos ocorreram nos hospitais Otávio Mangabeira e das Clínicas, ambos na capital baiana. Além disso, os falsos médicos tinham informações do prontuário da paciente como nome e telefone de familiares.
Por meio de nota, a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) disse que os dados dos pacientes são resguardados como manda a legislação, e que os procedimentos não são cobrados. Já o Hospital das Clínicas disse que está ciente do golpe e entregou o caso ao departamento jurídico da unidade.
Uma mulher, irmã de uma paciente que estava internada na UTI do Hospital Otávio Mangabeira, no bairro de Pau Miúdo, preferiu não se identificar, mas conta que o quadro de saúde da irmã evoluía bem, até que a ligação de um falso médico assustou a família. "Ele se apresentou como doutor Maurício Luiz Pereira, que tinha feito os exames com a paciente. [A mulher intenada] Estava com sangramento nas fezes, com suspeita de pequena hemorragia, no fígado e no pâncreas", relatou.
O falso médico disse que a paciente precisava fazer exames de urgência. Ele ligou várias vezes cobrando um depósito de R$ 1.500 pelo procedimento. Uma gravação registra o falso médico falando sobre os exames. "São sete tomografias computadorizadas de 'TKS' por última geração. Assim que você efetuar o pagamento, você vai trazer o comprovante para mim, para eu poder elaborar o certificado para você ser ressarcido desse valor", disse o falso médico.

As tomografias seriam realizadas em uma clínica próxima ao Hospital Octávio Mangabeira, segundo o falso médico informou a paciente. Mas na verdade, a clínica fica a mais de 10 km da unidade de saúde e não realiza o exame.
A vítima não se deu conta desses detalhes e o golpe quase deu certo. "Cheguei a fazer o empréstimo, demorou umas duas horas e meia, o banco disse que já estaria na conta. Nesse período, outra pessoa da família foi fazer a visita, chegou lá [no hospital] e teve a surpresa de que a paciente estava de alta", disse a mulher.
Outra tentativa de golpe semelhante ocorreu com a família de uma paciente que esta internada no Hospital das Clínicas. Os golpistas também tentaram cobrar por procedimentos que seriam de urgência. Dessa vez, o custo dos exames foi de R$ 8 mil. A fraude só fracassou por uma falha dos golpistas. "Depois eu lembrei que o problema de minha mãe não tinha nada a ver com pulmão. Ela não tinha esse problema [que foi apontado pelos golpistas]", disse a outra vítima dos falsos médicos, que também preferiu não se identificar.
O Conselho Regional de Medicina informou que recomenda aos hospitais e clínicas sigilo absoluto dos dados de pacientes. "Mesmo na rede pública, não existe nenhuma possibilidade do hospital ligar para uma pessoa da família dizendo que precisa de dinheiro para fazer uma transferência ou uma realização de um exame. Nos hospital privados, muito menos. As pessoas da família são contatadas internamente", explicou o conselheiro do Cremeb, Otávio Marambaia.g1bahia

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