Heliópolis: prefeito compra, mas não entrega merenda escolar

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Num intervalo de cinco dias, em junho, mais de três toneladas de gêneros alimentícios destinados à merenda escolar foram compradas pela prefeitura de Heliópolis, a 300 quilômetros de Salvador, ao custo de R$ 9,1 mil.

No entanto, vereadores e professores da rede municipal de ensino afirmaram ao Bocão News que parte desta mercadoria, principalmente laranjas e tangerinas, jamais chegou às cozinhas das escolas, mesmo tendo sido adquirida pelo prefeito Ildefonso Fonseca (PSC), conhecido como Ildinho, junto a agricultores familiares da região.

Laranja e tangerina

A falta de entrega de 237 centos de laranja e 50 centos de tangerina levou um grupo de vereadores a entrar com representação no Ministério Público Federal para que a situação seja investigada. A denúncia ainda não foi protocolada no órgão fiscalizador.

A reportagem teve acesso a documentos como notas fiscais, processos de pagamentos e comprovantes de depósitos das operações realizadas entre a gestão municipal e cinco credores, todos eles cadastrados como pessoa física. Em uma das notas, o prefeito autorizou a compra de 1.246 quilos de frutas. Os pagamentos foram realizados pelo secretário de Administração, Carlos Alberto Andrade Fonseca, que é filho do prefeito.

O presidente da Câmara Municipal de Heliópolis, vereador Giomar Evangelista (PCdoB), acusa o prefeito Ildinho de desviar o dinheiro. “O dinheiro é desviado para pagar não sei o quê. Frequentamos as escolas e constatamos que não havia a mercadoria desde o início do ano letivo. O prefeito estava roubando”, disse, sem hesitar.

Além do presidente da Câmara, os vereadores Doriedson Oliveira dos Santos e José Mendonça Dantas, ambos do PCdoB, confirmaram que a prefeitura não entregou os produtos comprados. “Convocamos o secretário de Educação (José Quelton) para prestar esclarecimentos, mas o que ele fez foi se dirigir às escolas e pedir aos nutricionistas para que alterassem os cardápios”, reforça Evangelista.

Cardápio

Após as cobranças de vereadores e professores, as mercadorias compradas em junho foram entregues no início de setembro. “Anoto o cardápio da merenda diariamente e sempre têm modificações por falta de produto. Essas frutas só foram entregues no mês passado por causa das denúncias”, relata uma professora, que pediu para não ser identificada.

Além da mudança nos cardápios, outro professor, que também pediu para ter a identidade preservada, afirma que unidades escolares tiveram aulas suspensas por falta de alimentos. “Em algumas unidades, os alunos ficaram sem aulas porque não havia merenda. A prefeitura faz a compra, mas os produtos não chegam. Quando chegam, ainda são transportados em péssimas condições”, ressalta.

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