Escola Pouca, Meu Partido Primeiro

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Nazismo era de direita ou de esquerda? A Ditadura Militar Brasileira foi de direita ou de esquerda?

Para o grosso da população a resposta a estas questões é muito simples: Elas foram da opção contrária a opinião de quem responde. Ninguém se importa em pegar atos históricos que ocuparam três ou mais gerações e condensar numa única opinião maniqueísta. É naturalmente óbvio que qualquer uma das duas respostas, será inadequada.

É como tentar enquadrar a cor verde numa escala de cores que só tem azul e vermelho. Então as pessoas não estão verdadeiramente respondendo a uma questão. Eles estão na verdade manifestando repúdio ao que discordam.

Fatos não tem lado. Eles apenas o são. Logo, opinião embasada em fatos não deveria ter lado também. Mas ao se discutir em cima da dicotomia esquerda ou direita, a pessoa irá puxar a sardinha para a sua brasa — a famigerada “afirmação”. Releve o que endossa e ignore o que detrata.

E quando um dos dois lados do espectro político assume o poder, e murphianamente caminha para dar errado (natural, dado a natureza falha do ser humano e política ser o coletivo destas pessoas, e as falhas se amplificam), ganha protagonismo o sentimento de repúdio a este lado, amplificado pelo lado que não estava no poder.

Assim, a Ditadura Militar gerou um forte repúdio ao conservadorismo e permitiu que os progressistas ganhassem protagonismo. E os anos dos progressismo no poder rende agora protagonismo aos conservadores.

Uma das facetas deste atual repúdio é a “Escola Sem Partido”. No papel a missão é nobre: Combater o proselitismo dentro da sala de aula. Ao professor seria proibido abusar do seu status de gerador de conhecimento em crianças criticamente indefesas, ao manifestar suas opiniões políticas, se ocupando exclusivamente de matérias escolares clássicas.

Na prática, é uma missão abilolada. Exceto se contratarmos como professores vulcanos (a raça alienígena do Star Trek, destituídos de emoções), é complexo um professor não manifestar suas inclinações — o problema reside no modelo educacional que centraliza o conhecimento no professor, ao invés deste meramente mediar o conhecimento. No final, o professor não desenvolve conhecimento nos alunos, apenas transfere seus vícios intelectuais.

E quem disse que as matérias escolares, independentes dos professores, não é doutrinatória? Vide entes geométricos: Eles não tem definição, apenas precisam ser aceitos sem questionamento pois caso contrário, não existe geometria.

A Matemática sequer respondeu a questão basilar se ela foi inventada ou se foi descoberta. Se foi descoberta, quem a criou? A questão beira à religiosidade. Isto não seria uma doutrina?

Nem entrei ainda nas dimensões superiores: O que o ser humano chama de realidade, é um constructo de 4 dimensões (3 dimensões espaciais e mais o tempo). A matemática prova que existem mais 7 outras dimensões, completamente invisíveis à percepção humana, excluindo nossa imaginação.

Claro que o pessoal do “Escola Sem Partido” não demonstram interesse por estas sofisticações. Na verdade, eles parecem ser bastante seletivos: Recentemente o STF determinou que escolas públicas poderiam ter aulas religiosas confessionais. A coisa é um absurdo pois nossa Constituição declara que o estado não deverá fomentar nenhuma religião. Na prática, o STF legitimou que as escolas públicas coloquem aulas de catequese cristã.

Quantas vezes as pessoas do “Escola Sem Partido” se manifestou contra este tipo de proselitismo? Nenhuma. Ué, o problema não é doutrina dentro da sala de aula?

Mas se for a doutrina correta, parece que o “Escola Sem Partido” não se importa. Como os seus componentes se identificam com o conservadorismo, e todo este pessoal tem o pé na sacristia, o professor não pode instilar doutrinas coletivistas em seus alunos. Mas doutrina como o cristianismo, ah, esta é até desejável.

Logo, o movimento seria mais honesto se seu nome fosse “Escola do Partido à Direita”. E isto seria positivo, pois assim como existem escolas confessionais, poderiam criar escolas privadas que se confessam com doutrina à direita.

E quem depende da escola pública? Vai ficar no jogo de empurra de quem está no governo: Se for progressista terá agenda progressista e críticos conservadores; Se for conservador, vice-e-versa.

Mas não que seja exatamente uma novidade: A escola é um braço de doutrinamento para o Governo. Pois se uma coisa sempre foi em comum entre governos progressistas e conservadores, é que a escola reforça que o Governo é uma coisa necessária, provedor de todas as soluções para a sociedade, não importa se é uma solução de esquerda ou de direita.

Uma verdadeira escola sem partido começaria demonstrando que o Governo não é a panaceia para os problemas sociais. E que na esmagadora maioria dos casos, o Governo é justamente o responsável pelo problema.

Por: Sivaldo Brito

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